Por que a Fratura do Escafóide é uma das Mais Temidas na Ortopedia?

A fratura do Escafóide é conhecida por sua dificuldade de consolidação e por representar um grande desafio na ortopedia. Para compreender os motivos, é essencial analisar sua anatomia, vascularização e o mecanismo de fratura. Neste artigo, você entenderá por que fraturar o Escafóide não é um bom negócio e aprenderá sobre os principais fatores que tornam esse osso tão peculiar.

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Introdução

Dentro da ortopedia, poucos ossos geram tanta preocupação quanto o Escafóide. Localizado no punho, ele é famoso por sua dificuldade de consolidação e pelo risco de complicações como necrose avascular e pseudoartroses. Antes de mergulharmos nos detalhes, é importante entender sua anatomia, vascularização e mecanismo de fratura. Assim, fica claro por que fraturar este osso pode ser um grande problema.

Anatomia do Escafóide

O Escafóide é um dos oito ossos que compõem o carpo, dividido em duas fileiras:

  • Fileira proximal: Escafóide, Semilunar, Piramidal e Pisiforme.
  • Fileira distal: Trapézio, Trapezoide, Capitato e Hamato.

O Escafóide está localizado na parte lateral da fileira proximal e articula-se com o Rádio. Ele desempenha um papel essencial na articulação Rádio-Cárpica, que é responsável pela maior parte dos movimentos do punho.

Durante uma queda com a mão espalmada, a energia do impacto pode causar lesões como fraturas no terço distal do Rádio, na cabeça do Rádio ou no próprio Escafóide.

Vascularização do Escafóide: Um Grande Desafio

A circulação sanguínea do Escafóide é o principal motivo para sua dificuldade de consolidação. Enquanto a maioria dos ossos recebe sangue no sentido proximal para distal, o Escafóide tem circulação retrógrada, ou seja, o fluxo vai do distal para o proximal.

A artéria radial, ao chegar ao carpo, se divide em dois ramos:

  • Ramo dorsal: responsável por 70-80% da vascularização (terços médio e proximal).
  • Ramo volar (palmar): responsável por 20-30% da vascularização (terços distal e médio).

Essa vascularização limitada torna o processo de consolidação mais lento, aumentando os riscos de necrose avascular, não-consolidação e pseudoartroses.

Enquanto a maioria dos ossos se consolida em 4 a 8 semanas, o Escafóide pode levar até 12 semanas ou mais, dependendo do tipo de fratura.

Mecanismo de Fratura

As fraturas do Escafóide representam cerca de 60% das fraturas do carpo, sendo relativamente comuns em quedas com as mãos espalmadas.

Principais Sintomas:

  • Dor na tabaqueira anatômica ao movimentar o punho ou polegar.
  • Edema na região e, eventualmente, equimose após alguns dias.

Curiosamente, as fraturas do Escafóide nem sempre aparecem em radiografias realizadas logo após o trauma, o que pode gerar diagnósticos iniciais falsos negativos. Em caso de suspeita, o tratamento inicial envolve imobilização com gesso e uma nova radiografia após 2 semanas, momento em que o traço de fratura pode ser mais evidente.

Classificação das Fraturas do Escafóide (AO Foundation):

  • Tipo 1: Fratura do terço médio – Consolidação em 10-12 semanas.
  • Tipo 2: Fratura do terço distal – Consolidação em 10-12 semanas.
  • Tipo 3: Fratura do terço proximal – Consolidação em 10-20 semanas.
  • Tipo 4: Fratura do tubérculo – Consolidação em 4-6 semanas.

Conclusão
A fratura do Escafóide é um grande desafio ortopédico devido à sua anatomia complexa e à circulação sanguínea peculiar. Além de exigir um diagnóstico preciso, o tratamento requer paciência e acompanhamento rigoroso para evitar complicações graves, como necrose avascular e pseudoartroses.

Portanto, cuidado com quedas que coloquem o peso do corpo sobre o punho – fraturar o Escafóide definitivamente não é um bom negócio!

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